Na noite de quinta-feira, depois de assistir a telejornais indignados por o presidente Lula ter dito a palavra “merda”, enquanto exercito o polegar no controle remoto passo pelo canal a cabo “Multishow”. Um grupo de belas garotas está conversando. Meninas, pouco mais do que pós-adolescentes. Das idades de minhas filhas.
Não vi direito quantas eram; creio que cinco, mas não importa. Quero lhes dizer o que põe no ar uma mídia que se escandaliza com o presidente por ele ter dito a palavra merda a uma platéia de pessoas humildes que, à diferença de mim, certamente não viram absolutamente nada demais no que tinham acabado de ouvir.
As garotas do “Multishow” falavam sobre suas preferências ao fazer sexo. Com detalhes. Muitos detalhes. E, ao se referirem aos próprios órgãos genitais e zonas erógenas, e sobre o que preferiam em termos de posições e formas do ato sexual, usavam termos que operários da construção civil “mamados” até a tampa talvez hesitassem em usar.
Não sei se estou me fazendo entender... Vejam bem, não posso usar as palavras que elas usaram. Não num texto jornalístico. Acho que não precisa. Tem gente que se sente mal. Eu não ligo, mas eu sou apenas eu. Temos a obrigação, todos, de pensar assim.
Gosto de sexo como qualquer outra pessoa, mas tenho filhas daquela idade. Converso com elas sobre sexo, mas não ficamos falando de sacanagem. Não consigo manter uma intimidade dessas com um grupo de garotas sem me sentir mal. Sou pai de garotas iguais àquelas do "Multishow", pô!
Enfim, o simples fato de ter assistido àquilo já me fez mal. Sei que as mulheres – muitas, mas não todas –, como nós homens, falam de sexo daquele jeito mesmo, mas a mídia não precisava também pôr uma conversa daquelas na tevê e depois vir se horrorizar quando o Lula fala uma angelical de uma palavra merda.
Não sei se vou chocar a alguém, mas sou obrigado a lhes dizer uma coisa: mas que merda de mídia nós temos neste país, hein!
Escrito por Eduardo Guimarães às 17h12
sábado, 12 de dezembro de 2009
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