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quarta-feira, 21 de julho de 2010

MORRE O CRONISTA ÂNGELO PRAZERES



Foi sepultado na tarde de ontem, no cemitério do Bonfim, na capital, o corpo do jornalista e escritor Ângelo Prazeres. Vítima de um infarto, Prazeres faleceu aos 68 anos, na madrugada de segunda para terça-feira, em Alfenas, no Sul de Minas.

Parentes, amigos, escritores e pessoas ligadas ao Clube Atlético Mineiro, time do qual Ângelo Prazeres era conselheiro desde 1991, foram prestar as últimas homenagens ao cronista.

Dono de um estilo literário bem humorado, Prazeres já foi colunista do Magazine e, desde 2006, assinava uma coluna no jornal Super Notícia, publicada sempre às quartas-feiras e aos sábados. Suas crônicas também já rechearam as páginas do jornal Pampulha.

Amiga de infância de Prazeres, a ex-secretária de Estado da Cultura Celina Albano destacou no velório a figura humana do escritor e a perda que o ambiente literário de Minas e do Brasil sofre com a morte de Ângelo Prazeres. "Ele era uma pessoa bela, bem humorada, inteligente. Um contador de histórias com maestria. Perdemos o cronista do cotidiano de Belo Horizonte, que ficará empobrecida", afirma Celina.
Além de escritor, cronista e conselheiro do Atlético, Prazeres foi também assessor de políticos no Estado. Autor da coletânea "Momentos de Minas", obra que reúne fotos e textos que retratam as belezas do Estado, trabalhava atualmente em uma biografia de um amigo e também preparava uma coletânea de suas crônicas, selecionando algumas de sua preferência, e que deve ser lançada em breve pelos familiares do escritor. Casado com Laizaura Simões há 34 anos, estava vivendo há dois anos em Alfenas.

Durante o velório, amigos e parentes relembravam momentos únicos na vida de Ângelo Prazeres. Um fato curioso é que o escritor, em parceria com o amigo Veveco Hardy, inaugurou uma livraria no edifício Maleta que foi referência na vida literária da capital. Nomes como Vinicius de Moraes lançavam suas obras na livraria de ambos.



Fabiano Chaves Publicado em: 07/10/2009

sábado, 8 de maio de 2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

QUE SAUDADE !!!!

Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... Casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... Tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... Era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... Até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!..... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite.....
Que saudade do compadre e da comadre!


José Antônio Oliveira de Resende

Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa

Departamento de Letras, Artes e Cultura

Universidade Federal de São João del-Rei.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ESCOLA MUNICIPAL COMANDANTE ERNESTO CHE GUEVARA


A linha ideológica e educacional que seguimos neste estabelecimento é totalmente socialista, consequentemente comunitária e humanitária. Tentamos passar para as crianças a importância de sermos iguais e sinceros, mostrando que precisamos não só do conhecimento de leitura e escrita, mas que precisamos acima de tudo virar humano e ter dentro do coração uma chama acesa chamada justiça, como dizia Che: "Sejamos sempre capazes de sentir, no mais profundo, qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo".
E é essa sensibilidade que desejamos passar para as crianças tornando-as gente, pois "o alicerce da nossa obra é a juventude". Queremos e desejamos reformar essa juventude, reformar o presente para contemplar um futuro melhor, porque "um guerrilheiro é acima de tudo um reformador social".
Às vezes se torna difícil ter uma escola com esse nome, porque infelizmente e indiscutivelmente temos uma grande parte da comunidade que é totalmente fechada para diálogos ao passo que são pessoas capitalistas selvagens e hipócritas.
Tantas vezes ironizam e difamam o nome de Che, chamando-o de comunista louco, matador, aventureiro... mas, como disse ele: "muitos me dirão de aventureiro, e eu o sou: só que de um tipo diferente daqueles que entregam sua pele para demonstrar suas verdades".
E é essa demonstração da verdade que precisamos para sermos mais felizes, porque além de guerrilheiro e lutador "o verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor".
E é com esse amor que eu e todos os que fazem a Escola Ernesto Che Guevara agradecemos a visita.
Um abraço com fervor revolucionário!
Até a vitória sempre
07/03/02
Adriana Carla

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

TURMA DA SAVASSI - OS DONOS DO PEDAÇO







A cidade era pacata, tinha poucos moradores, quase nenhum trânsito e mínimas opções de lazer. Era difícil ocupar o tempo e encontrar diversão durante o dia e à noite. Mas, para algumas dezenas de rapazes, esse era o contexto ideal para animados encontros e brincadeiras. Eles estavam em Belo Horizonte, na primeira metade do século passado. Eles moravam em um dos bairros mais nobres da jovem capital, o Bairro Funcionários, e tinham um ponto de encontro, a Praça Diogo de Vasconcelos, no coração da atual Savassi – área que só tem esse nome graças a um estabelecimento comercial inaugurado em 1940: a Padaria e Confeitaria Savassi. Os jovens formavam a “Turma da Savassi”, nome que veio dos encontros que faziam em frente à padaria, que vai completar 70 anos em 2010, acontecimento que não vai passar em branco pelos antigos membros do grupo.



O aniversário será comemorado com festa no local onde começaram todas as reuniões, a Praça da Savassi. Será no dia 20 de março de 2010, um sábado – apesar de a padaria ter sido inaugurada no dia 15 de março – para facilitar a vida de todos. Várias atrações estão sendo programadas, conforme o organizador do evento, o compositor Pacífico Mascarenhas, um dos membros da turma. Entre elas, encontro de carros antigos, show de Milton Nascimento. Com participação de Lô Borges e Fernando Brant, missa e, ao fim serenata como nos velhos tempos, em cima de um caminhão, com piano. O encerramento será incrementado pela participação do cantor Agnaldo Timóteo, que vai se apresentar sobre o veículo.

As serenatas eram umas das façanhas que os rapazes da “Turma da Savassi” realizavam. Eles saíam pelas ruas da região cantando para chamar a atenção das moças. De acordo com Pacífico, os “cantores”, geralmente, eram ele, Alceu Torres, Rui Franca e José Guimarães. Os outros iam seguindo a cantoria, fazendo coro. As músicas eram variadas, mas algumas foram feitas por eles. “A gente escrevia o que tinha vontade de falar para a namorada e não tinha coragem”. “Por exemplo, se eu tivesse coragem de dizer que te amo”, lembra.

Outro membro da turma, o advogado aposentado Aluízio Mendes Campos, 77 anos, irmão do escritor Paulo Mendes Campos, lembra que as moças pensavam que a serenata estava na rua e chegavam às janelas para olhar para baixo, vestidas de camisolas, e se assustavam ao ver que os galanteadores estavam lá no alto, em cima do caminhão. Danilo Savassi, filho de um dos fundadores da Padaria Savassi, lembra que ele e os amigos já fizeram o cortejo até em uma “assistência” – ambulância nos dias de hoje.

A “Turma da Savassi” agitou a região entre os anos 30 e final da década de 60. Depois, os jovens foram se tornando adultos, começaram a trabalhar, casaram-se e mudaram-se. Nos cerca de 30 anos de convivência, existiram duas gerações no grupo. A primeira é a de Danilo Savassi, Paulo Mendes Campos e George Marie Donard e muitos outros. A outra, pouco mais jovem, é a de Pacífico Mascarenhas, Aluízio Mendes Campos e Márcio Pinheiro, por exemplo. A turma era muito grande e variava entre adolescentes, de 13 anos em diante, a adultos, com mais de 30. “Eram mais de cem”, diz Pacífico. Hoje, ainda mantêm contato cerca de 40 integrantes.

Cada um deles lembra de uma passagem diferente daquele período. Aluízio Mendes Campos conta que a turma começou a se reunir no Abrigo Pernambuco, antes de existir a Padaria Savassi. “O abrigo era no centro da Praça Diogo de Vasconcelos”. “Tinha dois bancos lá”. “A gente ficava sentado, vendo o povo passar”, diz. Segundo ele, ninguém tinha dinheiro na época e a saída era criar brincadeiras para passar o tempo. Uma das “molecagens” deles era o “busca-teófilo”, que dava direito a uma pessoa de fazer revista no corpo da outra e levar para casa o que encontrasse. Para ficar “isento” da busca, os garotos tinham que avisar que estavam em “licença”.

O psiquiatra Márcio Pinheiro, 77 anos, fez até uma lista de atividades da turma – 28 no total. Entre elas, muitas brincadeiras, mas também o futebol, as festas – em que quase sempre entravam como penetras – e o “footing” – passeios aos domingos à tarde nas praças da cidade para ver as moças passarem. “Footing” e festas são capítulos à parte na história da turma, assim como as brigas com grupos de outras regiões da cidade.


SEMANAS DE FLERTE NOS “FOOTINGS”

O da Praça da Liberdade era um dos “footings” mais concorridos. Eram tantas meninas. Elas andavam de um lado para outro com as amigas. Os rapazes ficavam flertando. Demorava muito o flerte. “Não era fácil, mas era bom porque, se a gente gostasse de uma moça, sabia que ela não iria desaparecer, que a gente poderia encontrá-la no domingo seguinte”, lembra Márcio Pinheiro. Segundo ele, o processo era muito longo.

“Eram semanas de flerte até o rapaz criar coragem de se aproximar”. “Pegar na mão era uma emoção fabulosa. O primeiro beijo, então, era um evento espetacular”, diz. O médico conta que os jovens se encontravam com as moças também nas missas dançantes, organizadas pelo Minas Tênis Clube, mas sob os olhares das mães. Para ele, uma das transformações mais fantásticas que viu na vida foi no comportamento social da mulher do início do século passado para os dias atuais.

VERDADEIROS “EXPERTS” EM PENETRAR FESTAS
Nas festas, os jovens da turma arrumavam “técnicas sofisticadas” para conseguir entrar sem serem convidados. Aluizio Mendes Campos lembra de uma festa no Country Clube, que ficava na região da Vila Acaba Mundo, no Bairro Sion, em que eles alugaram um táxi, modelo Buick. O colega que era sócio do local entrou sem problemas, com a carteirinha, mas, quando o veículo entrou no clube, desceu do porta-malas “uma cambada” para curtir a festa.

Márcio Pinheiro conta, ainda, que outro deles vestiu roupa de pipoqueiro para entrar no evento como se fosse alguém da equipe que iria trabalhar. Outra forma de “penetrar” nos eventos, conforme o psiquiatra era chegar com a turma à porta da casa da aniversariante e cantar parabéns para serem convidados. “Quase sempre dava certo”.

Um dos segredos da turma para entrar nas festas era a informação privilegiada. De acordo com Pacífico Mascarenhas, um dos membros do grupo tinha um amigo que trabalhava na Brahma e avisava em que locais fazia entrega de bebida. “Ele ligava para a gente e dizia”: “Olha, entreguei seis barris de chope em tal endereço”. Aí, a gente corria para lá, relata.

O corretor Clívio Gomes Luz, 83 anos, revela que, às vezes, eles eram expulsos de algumas festas, mas “numa boa”. A gente sempre ficava porque a gente sabia usar o toca-discos e bombear o chope. “Além disso, a gente dançava muito bem, e as moças ficavam encantadas porque os “pés-duros” não sabiam nem sair do chão”, afirma. Os treinos como dançarinos ocorriam na Zona Boêmia do Centro da cidade, no Montanhês Dancing Clube e no Chant Clair, principalmente.

Belo Horizonte, na época da “Turma da Savassi”, era toda dividida em grupos de jovens. Várias turmas se formaram: a da Floresta, da Praça 12 (atual Praça ABC) e a do Colégio Santo Antônio e outras. Elas alimentavam rivalidades entre si e, quando menos se esperava, aparecia uma confusão. “Eram muitas brigas”. A gente brigava demais, à toa, por causa de mulher, de futebol. Sempre tinha rixa. A “Turma da Savassi” ganhava porque tinha mais gente. O pessoal saía correndo, e a gente ia atrás. Batia com soco, madeira, chute, lembra Pacífico Mascarenhas.


70 ANOS CHEIOS DE HISTÓRIAS
Os pães saiam quentinhos durante todo o dia, atraindo a freguesia. Era um dos segredos da Padaria e Confeitaria Savassi, que, em 15 de março de 1940, instalou-se na Praça Diogo de Vasconcelos, onde hoje existe uma loja da Vivo, operadora de telefonia celular. Além do pão, que vinha em diferentes tamanhos e formatos, o estabelecimento oferecia doces, bolos, sorvetes e produtos de armazém.

Para completar, tinha bela decoração e uma turma bagunceira na porta, dia e noite. Estavam ali reunidos os ingredientes que iriam sedimentar o nome “Savassi” em um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte, o Funcionários, na Região Centro-Sul. Mais tarde, em 1991, Savassi virou área oficial da cidade, por meio de lei municipal.

A história da Padaria Savassi começa com a chegada de imigrantes italianos ao Brasil, no final do século XIX e início do século passado, por causa de crises econômicas na Europa e, também, devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Entre as muitas famílias que vieram. Estava a Savassi.

Os irmãos Hugo e Juca Savassi vieram para Belo Horizonte e decidiram empreender. Começaram a trabalhar em uma padaria da família no Centro, a Nova Capital. Depois, em 1940, criaram o próprio estabelecimento. Nascia a Padaria e Confeitaria Savassi. O local era considerado um dos mais sofisticados de Belo Horizonte.

Segundo Danilo Savassi, 86 anos, filho de Hugo Savassi, a padaria tinha 12 mesinhas em mármore de carrara e cadeiras em metal cromado e madeira de jacarandá, além de espelhos nas paredes. “Tínhamos uma casa de chá lá, instituímos um mini-supermercado com vinhos e licores finos”. O pão era o melhor de Belo Horizonte. Meu pai e o Juca é que faziam, conta.

Segundo ele, a diferença no pãozinho é que ele era feito com dupla fermentação. As diversificadas guloseimas da Savassi estão registradas em um anúncio do estabelecimento na época: “Padaria Savassi Ltda. – 33 anos de tradição – Pão de forma, pão de batata, bolo pluma, rosca da rainha, pane-pluma, brioche”, diz o texto. O pão era embrulhado em papel de padaria, detalhe que fazia a diferença, conforme Danilo.
As inovações da padaria se seguiram. Uma das grandes sacadas foi a contratação do “mestre Raimundo”, que fabricava sorvetes. “O trouxemos de São Paulo, com família e tudo”. “Tinha uma técnica de sorvete à base de leite e um método especial de fazer as caldas”, lembra. Danilo Savassi, que ficou na padaria até 1977, diz que o sorvete atraía pessoas de outras cidades.

Além da “Turma da Savassi”, moradores vizinhos e pessoas de outras cidades, a padaria tinha um público sofisticado, ligado à política da época. Muitos dos políticos moravam perto do estabelecimento. Assim, era comum que, entre os rapazes bagunceiros da turma passassem nomes como Tancredo Neves, José Maria Alkimin, Juscelino Kubitschek e Franzen de Lima, entre outros. “Iam para lá com suas esposas para tomar o chá da tarde”.

Um momento triste da história da padaria foi a destruição sofrida em 19 de agosto de 1942. Por causa do afundamento de navios brasileiros, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por forças ligadas ao Eixo, que tinha como principais países a Alemanha e Japão. “As pessoas saíram pela cidade destruindo, depredando e saqueando todas as casas comerciais que tivessem sobrenome alemão e italiano”, lembra Danilo.

Com 19 anos, ele conseguiu convencer um primeiro grupo a desistir da agressão, mostrando que servia ao CPOR e, portanto, à pátria brasileira. Mas não adiantou muito porque, mais tarde, um segundo contingente de pessoas chegou ao local e acabou com o que viram pela frente. “Até hoje, eu sinto aquele cheiro de vinho se espalhando no chão”, lembra o compositor Pacífico Mascarenhas, que, junto com outros membros da “Turma da Savassi”, assistiu à destruição. “Nunca mais a padaria foi a mesma”, disse Danilo Savassi, observando que a reforma foi feita, mas sem retomar os detalhes de antes.

Com o crescimento da região, os donos da padaria, que passaram a ser Danilo, Fernando – filho de Juca – e Geraldo – irmão de Juca e Hugo – decidiram vender o ponto. “Quando fomos para lá, o bairro era rigorosamente residencial”. Foram aparecendo armazéns, consultórios e casas comerciais por causa da Praça da Savassi. Em 30 anos, não tinha mais estacionamento nem residências. A gente não tinha mais para quem vender pão, relata Danilo Savassi. Assim, a família optou por transferir a padaria para um terreno na Rua Rio Grande do Norte, 1.432.


A padaria, hoje, pertence apenas a Fernando Savassi, que trabalha mais com atacado e atende a hotéis, hospitais e eventos. Segundo ele, a qualidade dos produtos continua a mesma. “Só mudou a forma de fazer”, diz. Ele lembra que a casa antiga servia a toda Belo Horizonte. “Eu ficava no caixa das 8 às 10 horas e atendia 800 pessoas”, conta. Como membro da família, ele afirma que sente orgulho da proporção que o nome da padaria tomou. “Tinha a placa Savassi na frente, e o nome foi pegando, virando ponto de referência”.

Para quem viveu naquela época, a padaria no meio da praça deixou muitas lembranças. Membro da “Turma da Savassi”, o engenheiro José Carlos Frederico, 77 anos, recorda-se de uma das guloseimas mais procuradas – o Polar. “Era um sorvete, eu acho que era de coco, mergulhado em uma calda de chocolate”. “Era a delícia da época”, diz. Ele também se lembra do período de racionamento por causa da Segunda Guerra Mundial. “As famílias tinham uma cota de pães”. “Faziam filas que iam até a Rua Alagoas para comprar o pão”.


CASOS E FRASES DA TURMA
“A gente disputava campeonato de quem andava mais tempo com a calça abaixada, só de samba-canção”. “As moças vinham passando e eram muito pudicas naquela época”. “Teve uma que até desmaiou”.
Aluízio Mendes Campos

“À noite, quando a gente voltava da Rua Guaicurus, a pé porque o último bonde já tinha passado, a gente ia fazendo o risco”. “Ia urinando no chão e, quando um acabava, o outro continuava, fazendo o risco no chão”.
Márcio Pinheiro

“A gente costumava mudar o letreiro do Cine Pathé”. “Subia lá e trocava as letras, formando palavras engraçadas, que não tinham nada a ver com o filme”. “O pessoal do bonde passava e ficava olhando para aquele letreiro, achando estranho”.
Pacífico Mascarenhas

“As moças iam de bonde especial para o colégio”. “Tinha uma freira na frente e outra atrás do bonde”. “A gente ficava esperando ele passar para ver as canelas das moças e ficava comentando: aquela é mais grossa, aquela é mais fina”.
Clívio Gomes Luz

“As casas todas tinham quintais”. “A gente roubava frutas nas casas dos vizinhos”. “Da minha casa, os meninos roubavam mexerica”.
José Carlos Frederico


O DIA A DIA DA “TURMA DA SAVASSI”

Veja o que eles faziam e aonde iam para se divertir:

Algumas brincadeiras:



Penetrar em festas.



Passar sabão na linha dos bondes especiais que transportavam as moças para os colégios.



Mofa



Busca-teófilo



Futebol de várzea



Pular de andares em construção em cima de montes de areia.



Finca



Pião



Jogo de botão



Mudar letreiro do Cine Pathé.



Disputa entre quem levantava o pé mais alto.



Chamar sentinelas do palácio do Governador de “meganhas”.


Pontos de Lazer:

Abrigo Pernambuco



Padaria Savassi



“Footing” na Praça da Liberdade, na Avenida Afonso Pena, na Praça da Savassi e na Praça do Colégio Arnaldo.



Missa dançante no Minas Tênis Clube



Bailes na Zona Boêmia, no Montanhês Dancing Clube e no Chant Clair.



Festas Juninas no Country Clube.












Artigo escrito por Cláudia Rezende – Repórter






Publicado em 01/11/2009 no Jornal Hoje em Dia.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

TURMA DA SAVASSI

REPENSANDO A HISTORIOGRAFIA DA MÚSICA POPULAR


BRASILEIRA: A BOSSA NOVA E SEU PERCURSO PELAS MINAS GERAIS

1-Resumo:

Esta pesquisa busca explicitar algumas questões pouco usuais a respeito da Bossa Nova. Importantes escritores do assunto, como é o caso de José Ramos Tinhorão, geralmente identificam o movimento bossa-novista com a classe média alta, branca e universitária da Zona Sul do Rio de Janeiro, e ainda afirmam que ela significaria a “deturpação de nossas raízes culturais”, uma vez que o jazz, produto norte-americano, teria se mesclado ao samba “puro” do Brasil.


Indo em sentido oposto, pode-se constatar que a Bossa Nova não foi monopólio de uma classe média branca da Zona Sul carioca. Músicos como Baden Powell (mulato) e Moacir Santos (negro), por exemplo, estavam, desde o início, envolvidos no processo de criação dessa nova estética artístico-cultural da música brasileira. E mais: o Sinatra- Farney Fã-Clube, situado na Zona Norte carioca, funcionou, na prática, como uma espécie de laboratório para músicos como João Donato, Paulo Moura e Johnny Alf, inegavelmente relevantes para a Bossa Nova.


Sem se ater a fronteiras geográficas, o objeto mais importante da pesquisa está focado na capital mineira Belo Horizonte, onde, na década de 1960, despontou o Conjunto Sambacana, que, liderado pelo músico e compositor Pacífico Mascarenhas, destinava-se a tocar e criar canções bossa-novistas. O esforço do trabalho neste momento é mostrar, especialmente através da discografia disponível, as interações e reapropriações da Bossa Nova mineira, tendo em vista o que já era feito no Rio de Janeiro.


Na mesma década de 1960, surgiria em Belo Horizonte o Clube da Esquina, com Milton como sua principal estrela. Neste ponto, a pesquisa se preocupa em investigar a importância da Bossa Nova como fonte estético-musical para o Clube da Esquina, levando em conta que umas das primeiras vezes que Milton Nascimento gravou em estúdio foi juntamente com Pacífico Mascarenhas, no LP Quarteto Sambacana Muito pra frente, em 1965.


Em Belo Horizonte, em meados dos anos 1950, uns tantos jovens, freqüentadores da Praça da Savassi, estavam à procura de coisas novas, musicalmente falando, e, para regar as serenatas que faziam, escolhiam o que havia de mais moderno, na área dos sambas-canções.

2 A turma da Savassi é uma turma que a gente tinha, fazia ponto na padaria Savassi. A gente saia dos colégios... acabava a aula, a gente se reunia na porta da Savassi, reuniam-se até 60 pessoas, jovens. A gente ficava ali parado, vendo o movimento, esperando a hora do almoço, e de tarde a gente voltava de novo... E a gente então naquela época gostava de fazer muita serenata de noite. Essas serenatas eram umas serenatas assim mais modernas.


O que a gente cantava era samba-canção, aquelas músicas do Lúcio Alves, Dick Farney. A gente tinha um grupo que gostava de música, e começava a cantar, e a gente ensaiava um vocal e cantava

2. O nome que mais veio a se destacar dentre os jovens que freqüentavam a Praça da Savassi, no bairro dos Funcionários, em Belo Horizonte, foi Pacífico Mascarenhas. Jovem de classe média, relativamente bem situado do ponto de vista social, Pacífico já levava jeito com o piano e o violão e embalava as serenatas juntamente com seus amigos da turma da Savassi. Ele relata, então, como foi que se deu conta de que poderia começar a compor os seus primeiros sambas-canções:

Nessas serenatas eu encontrei um amigo meu lá na porta do Colégio Izabela, que era um internato feminino. Ele tava fazendo uma serenata lá...

Chamava-se Alceu Tunes. Aí ele acabou de cantar e começou a cantar outra música. Aí eu falei: ‘oh Alceu, mas que música bonita é essa?’ Ele falou: ‘foi eu que fiz’. Aí eu falei: ‘mas num é possível. Você fez uma música? Uai, Alceu, você vai lá em casa amanhã pra eu ver que história de música é essa que você fez. Eu tô impressionado de você ter feito uma música. Eu nem imaginava que pudesse fazer uma música...’ Na hora que ele foi lá em casa com uma música dele, eu já fiz uma letra, uma música que chamava ‘Pam pam pam’: ‘Pam pam pam, meu bem, cheguei’. Pam pam pam era a buzina do carro. ‘Anda depressa, que moleza é essa, eis meu carro, meu violão, ouço daqui seu coração’. Daí ele deixou essa música, eu fiz essa letra, fiz outra e depois eu peguei o jeito como era, como é que fazia música. Eu já tocava piano. O violão já tava aprendendo.


Foi por meados da década de 50, meados de 1955. Aí eu peguei o jeito e comecei a fazer uma série de sambas-canções, tipo, por exemplo, a música ‘Anos Dourados’. (Entrevista com Pacífico Mascarenhas, BH/MG, 2007).


Em 1956, a passeio na cidade de Diamantina, onde sua família possuía uma tecelagem na região, conheceu a ninguém menos que João Gilberto3. Depois de um turbilhão de acontecimentos em sua vida, João Gilberto se encontrava deprimido, sua única saída foi procurar refúgio na casa de sua irmã Dadainha que vivia em Diamantina. Pacífico Mascarenhas, ao saber que havia um jovem na cidade que também gostava de música e tocava violão, foi procurá-lo. O encontro não rendeu muita coisa.

Anos depois, Pacífico reencontraria João Gilberto em outras condições no Rio de Janeiro.


Um dia, eu tava lá em Diamantina, aí um pessoal falou que tinha um camarada do Rio aí... Aí eu fiquei conhecendo o João Gilberto lá antes dele ter gravado o primeiro disco. O cunhado dele tava lá em Diamantina, fazendo um trecho da estrada Rio-Bahia, eu não sei porque, então eles alojaram lá em Diamantina, e ele ficou morando lá com a irmã dele que chamava Dadainha. E
nessa época eu conheci ele. Eu tive assim pequenos contatos com ele: ele muito tímido, e tal. E depois, mais tarde, minha amizade com ele aumentou no Rio de Janeiro.

Aí eu já procurei ele no Rio de Janeiro, já freqüentava a casa dele, já fui pegando o jeito. E tive a oportunidade de ver até a gravação que ele fez, quando gravou um 78 rotações: de um lado a música ‘Desafinado’ e do outro lado ‘Bim bom. (Entrevista com Pacífico Mascarenhas, BH/MG, 2007).


Pacífico, voltando para Belo Horizonte, estreitou ainda mais seus contatos com o pessoal do Rio de Janeiro. Sempre que ia ao Rio, procurava por João Gilberto, que já começara a ficar famoso. Através desses contatos, conheceu Tom Jobim, Roberto Menescal, Eumir Deodato, Dorival Caymmi e outros.


Em Belo Horizonte, a turma da Savassi já ganhara nome e, geralmente, quem se responsabilizava por traduzir os sentimentos da turma em canções era Pacífico. A partir de então, suas canções começaram a ganhar uma conotação bossa-novista. ...aí eu notei também que tinha muita coisa que a gente queria falar pras moças e pras namoradas dos amigos, coisa que não tinha música ainda.


Então eu inventava, por exemplo, ‘Se eu tivesse ao menos coragem de dizer que te amo’, então tudo que a turma sentia, eu ia fazendo melodias, com as letras falando nesses assuntos. (Entrevista com Pacífico Mascarenhas, BH/MG, 2007).


Ainda em 1958, Pacífico preparou seu primeiro disco para ser gravado no Rio Janeiro, Um passeio musical, junto com outros dois músicos mineiros, Paulo Modesto e Gilberto Santana, pela Cia Brasileira de Disco (hoje Universal), mas com produção independente.


Muitas das reuniões da turma da Savassi aconteciam nas casas dos integrantes da turma, e aqueles grupinhos que, costumeiramente, se encontravam para tocar violão e conversar, passaram a realizar o que se chamou Sambacana, ou seja, “reuniões na base de samba e cana, nas quais eram mostradas as novas composições aos amigos” (conforme Pacífico Mascarenhas).


Outro nome importante da turma do Sambacana é Roberto Guimarães, que, segundo seu próprio relato em entrevista, só teria conhecido Pacífico Mascarenhas e participado dessas reuniões, após sua música “Amor certinho” ter sido gravada por João Gilberto. O primeiro contato de Roberto Guimarães com a Bossa Nova foi através da Rádio Nacional, que começara a tocar o primeiro compacto gravado por João Gilberto (com “Chega de Saudade” no lado A) e também através de seu primo Márcio Guimarães, que morava no Rio de Janeiro e tinha aulas de violão na academia de Carlinhos Lyra.


Aí o Márcio veio passar umas férias em Belo Horizonte e ficou hospedado lá na casa dos meus pais. O Márcio começou então a me passar alguma coisa, aqueles acordes novos de Bossa Nova, e eu me encantei com aquilo. Mas o meu primeiro contato realmente com a Bossa Nova foi na minha casa, na casa do meu pai. Eu tava saindo de casa, na sala tinha um rádio, esses rádios grandões RCA, e aí eu comecei a ouvir João Gilberto cantando “Chega de Saudade”, e aquilo foi como se fosse um soco na minha cara, né, a sensação que eu tive foi essa. E falei: ‘quê que é isso, heim?’ Nunca tinha ouvido nada parecido, em termos de ritmo, de jeito de cantar, de emissão de voz. E aquilo, eu fiquei parado, mas que coisa maravilhosa! O João Gilberto tinha lançado
um 78 rpm, que de um lado, era ‘Chega de Saudade’ e, do outro lado, ‘Oba la la.

4. A partir daí, Roberto Guimarães, que já possuía alguns sambas-canções, começou a compor músicas de Bossa Nova. E compôs tão bem que foi contemplado com a gravação de sua música “Amor certinho” por João Gilberto no LP O amor, o sorriso e a flor, em 1960. João Gilberto, em 1959, foi fazer um show em Belo Horizonte no Minas Tênis Clube, e na oportunidade Roberto Guimarães o conheceu. A mesma canção fora gravada anteriormente por Jonas Silva, ex-integrante do grupo vocal Os Garotos da Lua, a pedido do próprio João Gilberto, que também atuou no grupo.


E lá na turma nossa, tinha umas moças que eram de Diamantina, a família ligada a Diamantina, que faziam parte da turma, eram amigas minhas, e por coincidência o João veio aqui com a Astrud Gilberto, a mulher dele na época...

A Astrud é carioca, o pai dela, inclusive, acho que é descendente de alemão, e a mãe é descendente aqui desse pessoal de Diamantina. Aí quando acabou o show, as minhas amigas lá de Diamantina falaram assim: ‘ô, Roberto, o João e a Astrud vão lá pra casa da nossa tia’, (que era há dois quarteirões do Minas). ‘Você quer ir lá conosco?’ Falei: ‘vamos, uai.’ Aí chegamos na casa da tia delas, o João já tava lá na sala sentado no sofá com a Astrud e as tias delas todas. Eu já conhecia a família. E aí elas entraram e me apresentaram pro João e pra Astrud: ‘esse aqui é o Roberto Guimarães, um amigo nosso, faz serenata, é compositor, cantor, tem umas músicas aí que ele queria te mostrar.’ Mas a gente não tinha combinado nada disso. Nunca tive essa pretensão de achar que eu ia cantar pro João Gilberto. Mas aí pegaram o violão do João, porque eu não tava com violão, e botaram na minha mão, eu peguei e cantei. Cantei umas cinco músicas pro João que eu tinha, e o João não se pronunciava; eu cantava e ele só ficava olhando. Aí acabou, ele falou assim comigo: ‘canta aquela segunda de novo’ (era o ‘Amor certinho’); eu cantei, né? Ele pegou, falou assim: ‘canta de novo’, eu cantei de novo. Aí ele pegou o violão, tirou a harmonia toda, pediu pra eu escrever a letra e falou assim: ‘eu vou gravar a sua música. “Eu quase caí pra trás”
(Entrevista com Roberto Guimarães, BH/MG, 2007).


Em 1963, Pacífico inventou um método de acompanhamento de violão com os acordes desenhados para aparecer na capa do disco. E para esse LP, intitulado Conjunto Sambacana, lançado em 1964 pela Odeon, os arranjos ficaram por conta de Roberto Menescal e Hugo Marotta, os teclados, a cargo de Eumir Deodato e vozes eram de um tal de Toninho (que nunca mais apareceu) e Joyce, que, convidada por Menescal, pela primeira vez colocava sua voz em disco.


O Conjunto Sambacana, formado praticamente para a gravação desse primeiro disco, na realidade não existia como um grupo. Aliás, “uma porção de gente queria contratar o grupo que praticamente não existia” (conforme Pacífico Mascarenhas).


Convidado pela Odeon, em 1965, para gravar o segundo Sambacana – Quarteto Sambacana – Pacífico, que havia acabado de conhecer Bituca (Milton Nascimento) e Wagner Tiso, recém-chegados de Três Pontas, os levou para o Rio de Janeiro, juntamente com Marcos de Castro, compositor e arranjador mineiro, e também Gileno, irmão de Wagner Tiso.

Registra-se que: A primeira vez que Bituca entrou num estúdio foi para gravar ‘Barulho de Trem’. A segunda foi para gravar como vocalista num disco de Pacífico Mascarenhas. (BORGES, p. 69).


Marco interessante na carreira de Milton Nascimento: seus primeiros passos musicais o ligam à Bossa Nova, sem falar que ele ao contrabaixo, juntamente com Wagner Tiso ao piano e Paulo Braga na bateria, compunham o Berimbau Trio, que tocava jazz e Bossa Nova nas noites belo-horizontinas.


E fomos pro Rio gravar o disco. Fomos eu, o Bituca, e nós fomos num carro que eu tinha, um Sinca Chawbord, que foi enguiçando o tempo todo pelo caminho. E toda hora o Bituca tinha que entrar debaixo pra soltar o óleo, pra soltar a roda. E foi uma viagem assim triste mesmo pra gente ir pro Rio pra gravar esse disco. (Entrevista com Pacífico Mascarenhas, BH/MG, 2007).

Logo se vê que a turma da Savassi e o Sambacana, liderado por Pacífico Mascarenhas, funcionaram como pontes entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, estabelecendo várias conexões entre esses trajetos.


Referências


BORGES, Márcio. Os sonhos não envelhecem: histórias do Clube da Esquina. 5. ed.
São Paulo: Geração Editorial, 2004.
CASTRO, Ruy. Chega de saudade: a história e as histórias da Bossa Nova. 3. ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1990.
MEDAGLIA, Júlio. Balanço da bossa nova. In: CAMPOS, Augusto de. Balanço da
bossa e outras bossas. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 1978,
PARANHOS, Adalberto. Novas bossas e velhos argumentos: tradição e
contemporaneidade na MPB. História & Perspectivas, Uberlândia, UFU, n. 3, jul.-dez.
1990.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha ao
tropicalismo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
Discografia
- Conjunto Sambacana. LP Odeon, 1964 (relançado em CD).
- João Gilberto. LP Chega de saudade. Odeon, 1959.
- João Gilberto. LP O amor, o sorriso e a flor. Odeon, 1960 (relançado em CD).
- Luiz Eça Trio. CD Velas, 1995.
- Milton Nascimento. LP Courage. A & M Records, 1968 (relançado em CD).
- Milton Nascimento. LP Travessia. Codil, 1967 (relançado em CD).
- Nelson Ângelo e Joyce. Nelson Ângelo & Joyce. Emi-Odeon, 1972.
- Pacífico Mascarenhas. CD Guinness Bossa Novíssima. Song Disc, 2002.
- Quarteto Sambacana. Muito pra frente.
Odeon, 1965 (relançado em CD).
- Roberto Guimarães e convidados. Amor certinho. Sonhos & Sons, 2003.


7 - Fontes consultadas


- Acervo do Centro de Documentação e Pesquisa em História da Universidade Federal
de Uberlândia.
- Caras (edição especial) nº 19, ano 3 – jun. 1996, v. 2: A história da Bossa Nova.
- Dicionário Grove de música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
- Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. 2ª ed. São Paulo: Art/
Publifolha, 1998.
- Entrevista com Pacífico Mascarenhas, dia 09 de junho de 2007, em Belo
Horizonte/MG.
- Entrevista com Roberto Guimarães, dia 09 de junho de 2007, em Belo Horizonte/MG.


http://www.museudepessoas.com.br


http://www.pacíficomascarenhas.com.br


Sheyla Castro Diniz
Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Graduanda em Ciências Sociais e Música pela Universidade Federal de Uberlândia.


sheyladiniz@yahoo.com.br

2 Trecho da entrevista concedida por Pacífico Mascarenhas, exclusivamente para esta pesquisa. Belo Horizonte/MG, 09 de junho de 2007.

TURMA DA SAVASSI

A Turma da Savassi era formada por um grande número de rapazes que se encontravam, nos

anos 1950 e 60, em frente à Padaria Savassi, em Belo Horizonte.

Seus componentes pertenciam a diversas classes sociais, o que dava à turma um "passaporte"

para frequentar os mais diversos ambientes.

Quando isso não funcionava, a ordem era "penetrar", ou seja, entrar nas festas apenas com a

cara e a coragem.

O compositor Pacífico Mascarenhas, membro da turma, escreveu o seu hino, cantado em ritmo

de samba de breque. A letra usa as gírias da época.


Vários expoentes da vida intelectual mineira passaram pela Turma da Savassi, como Pacífico

Mascarenhas, Ivo Pitanguy, Fernando Sabino e Hélio Pellegrino.




Bairro Savassi, Belo Horizonte

A Savassi é um bairro próximo ao Centro de Belo Horizonte.

No início de 2006, antes da reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a prefeitura

transformou uma parte do antigo bairro « Funcionários » no bairro « Savassi », ao mesmo tempo

em que foi criado o Bairro « Boa Viagem ».

A outra parte, ao norte, continuou se chamando « Funcionários ».


Alguns locais famosos da Savassi são:

O Shopping Pátio Savassi;
O Colégio Santo Antônio;
O Colégio Padre Machado;
A Avenida Cristóvão Colombo;
Os restaurantes chineses;
A Praça da Liberdade;
A Escola de Arquitetura da UFMG;
A Praça da Savassi.


A Savassi faz divisa com 6 bairros:

Santo Antônio
São Pedro
Serra
Lourdes
Boa Viagem
Funcionários


Origem do nome :


Amilcare Savassi, padeiro italiano, estabeleceu-se na Praça Diogo de Vasconcelos nos anos 1930 e sua padaria foi batizada com seu sobrenome. Com o tempo o povo passou a designar a praça pelo nome da padaria (Praça da Savassi) e, sucessivamente, toda a região compreendida pela área antiga do Bairro dos « Funcionários » ganhou essa designação. A existência de um grupo de rapazes que se reunia às portas da padaria, a Turma da Savassi, famosa por suas peripécias noturnas, contribuiu para popularizar o novo nome do logradouro.