quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MÉDICOS MINEIROS ACUSAM AÉCIO DE QUERER PRIVATIZAR ATENDIMENTO A SERVIDORES

Onze sindicatos, associações e confederações, reunidos na Frente em Defesa do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, estão acusando o governador Aécio Neves (PSDB) de desmontar a estrutura do instituto para privatização a prestação dos serviços de saúde. Segundo carta-aberta distribuída pela Frente, o ex-governador Eduardo Azeredo, também tucano, e, agora, o Governo Aécio levaram o instituto a uma situação pré-falimentar, com impacto direto sobre o atendimento à saúde, “que deixou de ser modelo na América Latina para se transformar em pesadelo para usuários e contribuintes”.
Responsável por atender cerca de 1,2 milhão de pessoas, entre servidores na ativa, aposentados e dependentes, o Ipsemg-Saúde foi auditado, em 2007, pela empresa norte-americana Aon que, a pedido do governador Aécio Neves, apresentou um plano de reestruturação do instituto. Uma das soluções propostas pela empresa é a implantação de um plano que transfira para a iniciativa privada a responsabilidade pelo atendimento aos conveniados no estado. O cirurgião Rodrigo Quintela denuncia que este relatório é parte da estratégia do governo tucano para privatizar o atendimento aos servidores.
“O governador promove o sucateamento do sistema de saúde da Previdência e agora contrata uma empresa norte-americana para dizer que a privatização é o melhor caminho”, alerta.
O diretor clínico do hospital da Previdência, Luciano Dantês, chama a atenção para um movimento crescente de contratação de médicos e serviços externos.
“Atualmente, dois terços dos funcionários da enfermaria são terceirizados e metade dos médicos também. O governo credenciou dezenas de clínicas particulares que, hoje, atendem de forma precária os servidores estaduais”.
A falta de profissionais e de material no instituto público facilita aos serviços conveniados externos o atendimento dos pacientes, com médicos de fora do quadro do hospital. Para agendar consultas com os profissionais do Ipsemg é preciso ir pessoalmente ao serviço e enfrentar grandes filas, enquanto é possível, muito mais facilmente, marcar consultas com os médicos externos, pela internet.
A redução no número de cirurgias, de atendimentos e de profissionais também estimula a migração dos pacientes para os setores conveniados e aumenta o sucateamento do hospital. O doutor Luciano Dantês mostra que houve uma redução de 60% no número de consultas diárias realizadas no hospital e critica a iniciativa do governo estadual que extinguiu todos os apartamentos, deixando apenas as enfermarias.
“Pacientes ficam até 72 horas à espera de uma vaga. Os que não podem esperar pagam por um apartamento nos hospitais particulares. Continuando esse processo, vai ser fácil convencer a sociedade de que a privatização é um caminho natural”, alerta.
A estrutura física do instituto em cidades do interior mineirop também foi reduzida durante o Governo Aécio. Somente no norte do estado, uma das regiões mais carentes de Minas, cinco agências foram fechadas nos últimos dois anos, afetando diretamente os servidores que, hoje, precisam se deslocar para cidades que possuem postos de atendimento.
Na capital mineira, um terço do hospital da Previdência está fechado desde julho para uma reforma que, de acordo com o governo, só será finalizada em 5 anos. O diretor clínico do hospital discorda da intervenção dizendo que nunca houve demanda nem necessidade de realizar a reforma.
“Esta obra interditou 246 leitos e está forçando a transferência de pacientes para outros hospitais”.
Os médicos do instituto vêem a demora para a conclusão das reformas como uma forma de ”esvaziar” o atendimento e forçar a transferência de pacientes para outros hospitais.
Luciano Dantês alerta que essa migração leva, em muitos casos, a um atendimento de baixa qualidade aos conveniados do Ipsemg.
“O plano de saúde do instituto paga valores mínimos aos médicos e esta baixa remuneração, infelizmente, tem reflexos na qualidade dos atendimentos. Os servidores deixam de ser prioridade na rede privada”, alerta.
Alguns funcionários já ganharam na Justiça o direito de não ter o valor do plano de saúde do Ipsemg descontado no contra-cheque.
“As pessoas já não confiam nos serviços prestados no hospital da Previdência. Preferem pagar um plano privado que forneça um mínimo de estrutura”, lamenta.
O cirurgião Rodrigo Quintela, que há 12 anos atende no hospital do Ipsemg, em Belo Horizonte , diz que “toda essa trama está destruindo um serviço que levou 98 anos para ser solidificado com credibilidade e sustentabilidade. Agora, essa administração mal-intencionada e perversa quer transferir para a iniciativa privada o atendimento aos servidores de todo o estado”.

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dezembro 17th 2009 in Políticas Públicas

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