quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O CHOCANTE DESCASO COM AS ENCHENTES

Enquanto Serra cuida da sua campanha eleitoral em Copenhague posando com o “exterminador do futuro”, Kassab mostra sua insensibilidade com as enchentes

EDITORIAL JORNAL DA TARDE – JT

O orçamento da Prefeitura para 2010 demonstra que a insensibilidade do prefeito Gilberto Kassab diante dos estragos provocados pela enchente da semana passada – quando, em vez de comentar o caos que estava à sua vista, preferiu falar dos investimentos nos Córregos Aricanduva e Pirajuçara, que teriam evitado alagamentos em sua imediações – não foi um caso isolado. Os cortes de verbas feitos na proposta orçamentária aprovada pela Câmara Municipal – onde Kassab tem folgada maioria e nada de importante acontece sem a sua aquiescência – não deixam dúvida sobre isso.
Os R$ 141,9 milhões reservados para a canalização de córregos no substitutivo votado em primeira discussão na semana passada sofreram um corte de R$ 70,4 milhões, ficando reduzidos a minguados R$ 71,4 milhões, praticamente a metade do valor originalmente previsto. A verba para a canalização do Córrego Ponte Baixa, na zona sul, por exemplo, caiu de R$ 30 milhões para R$ 20 milhões. A diferença é tão grande que ou o custo dessa obra havia sido superestimado, o que é grave, ou então os recursos a ela destinados são insuficientes, o que também é grave, porque ela não será concluída.
A espantosa má vontade com o combate às enchentes não para por aí. Os recursos destinados a obras em áreas de risco – justamente aquelas em que é registrado o maior número de mortos e desabrigados por ocasião das enchentes – não passaram de ridículos R$ 19,6 milhões. Com um detalhe cruel – inicialmente estavam previstos R$ 20,6 milhões, uma diferença pequena, mas que mostra o descaso com as enchentes. Na hora de cortar, a bancada do prefeito não hesita em tirar mais um pedacinho dessa verba.
Essa mesquinharia, praticada quando a cidade ainda sofre os efeitos da última enchente, é chocante. Basta ver a situação em que se encontra o bairro Jardim Romano, na zona leste, que continua inundado. Mais de uma semana depois da enchente, a Prefeitura ainda não sabe exatamente o que fazer para ajudar a população que ali mora e que – pasmem os leitores – continua a receber cobrança da “taxa de melhoria” do governo municipal. “Muito possivelmente”, segundo Kassab, a água será retirada por meio de bombas. Também resta acertar com a Sabesp para qual de suas estações de tratamento essa água poluída será levada. Esta, segundo os especialistas na matéria, é a única solução razoável, porque qualquer outra significará apenas mudar o problema de lugar.
Para concluir a triste história da aprovação do orçamento, assinale-se que a verba para publicidade oficial foi para as alturas, batendo um recorde – R$ 126 milhões, muito mais, portanto, que as destinadas às obras contra as enchentes. Dessa ninguém ousou cortar
um centavo.


Postado por Luis Favre





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