sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

OS MINEIROS ESTÃO DESMOTIVADOS PARA APOIAR AÉCIO

A cúpula do PT diz que, nas entrelinhas do anúncio de Aécio Neves, há sinais de que o mineiro entrará de forma morna numa campanha do governador de SP, José Serra, à Presidência. Além de não surpreender o comando petista, a decisão de Aécio dá fôlego ao PT para levar adiante o tom plebiscitário que pretende dar à sucessão, comparando as gestões de Lula com as de FHC.
Um integrante da direção do partido afirmou que "chamou muito a atenção" o fato de o nome de Serra não ter sido citado no comunicado. O governador mineiro agradece só ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e ao partido de maneira geral."Minas sai magoada nesse processo de disputa do PSDB", avaliou outro dirigente petista que não crê num engajamento de Aécio na campanha de Serra.
"O Aécio percebeu que quem controla o PSDB são os paulistas e quis dar um presente de Natal ao Serra", afirmou o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra.
Ex-prefeito de Belo Horizonte e petista próximo de Aécio, Fernando Pimentel disse que os termos da carta "certamente foram bem pensados" pelo governador mineiro.
"Em Minas, nada é sem motivo", declara Pimentel, pré-candidato a governador. Segundo ele, Aécio quis dar uma resposta ao PSDB em vez de "protelar uma decisão inevitável".
O PT torce para que Aécio se mantenha firme na decisão de não sair como vice na chapa de Serra. A leitura feita pelo partido da carta de Aécio é que, ao prometer refletir "ao lado dos mineiros", o governador se mostra decidido a disputar uma vaga ao Senado.
Para os petistas, a decisão de Aécio forçará partidos da base, como PP, parte do PMDB e do PSB -até então divididos entre o apoio a Dilma Rousseff ou ao mineiro-, a selar a aliança com a ministra da Casa Civil. "A decisão facilita a consolidação das nossas alianças", afirmou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP).Ciro diz que tucano foi constrangido
Em nota à imprensa, Ciro lamentou a saída de Aécio da disputa presidencial: "Todos os que, como eu, torcem pelo novo, contra o passado maléfico ao Brasil, devem lamentar".
Ciro disse ainda entender "todo tipo de constrangimento, especialmente oriundo de clandestinidades e manipulações de setores da mídia", que o mineiro estaria "sofrendo". "Compreendo, porque já vivi na pele", disse ele, que já foi filiado ao PSDB de Serra e Aécio.
"A desistência de Aécio acaba ajudando o Ciro", disse o senador Renato Casagrande (ES), secretário nacional do PSB.


Aécio, nas entrelinhas, desengana possibilidade de vitória de Serra

A portas fechadas, Aécio Neves faz avaliações que evita reproduzir em público. Vão abaixo algumas das reflexões do ex-presidenciável tucano:Plebiscito: Serra é a cara de FHC
Aécio declara-se convencido de que, ao optar por José Serra, o PSDB facilitou a estratégia de campanha concebida por Lula.Acha que será fácil enganchar a imagem de Serra à de FHC, como desejam Lula e o PT da presidenciável Dilma Rousseff.Por quê? Noves fora a amizade que os une, Serra ocupou, sob a presidência de FHC, dois ministérios. Primeiro o do Planejamento. Depois, o da Saúde.A opinião de Aécio sobre a gestão FHC é positiva. Acha, porém, que seria tolice ignorar o fato de que a percepção do eleitorado é outra.FHC tornou-se um personagem impopular. Ponto e vírgula. Na comparação com Lula, o eleitor dá ampla vantagem ao mandarim petista. Ponto.Vem daí a menção que Aécio fez, na carta em que declinou da candidatura ao Planalto, à necessidade de...... “Responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o país ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres”.Cansaço de centralização política em São Paulo Outra opinião que Aécio expõe reservadamente diz respeito a um suposto enfado do eleitor com alternativas presidenciais nascidas em São Paulo.Acha que esse “cansaço” do eleitorado conspira contra Serra. Teria dificuldades de entrar em áreas hoje simpáticas a Lula. Norte e Nordeste, por exemplo.Efeito Rio de Janeiro Aécio enxerga o Rio como um dos calcanhares mais expostos da candidatura Serra. Menciona o fato de que o tucanato ainda não logrou montar um palanque no terceiro maior colégio eleitoral do País depois de São Paulo e de Minas.O problema persistiria caso o PSDB tivesse optado por Aécio. Mas o governador mineiro considera-se mais palatável ao eleitor fluminense do que Serra.Calendário: Serra quer voar em silêncio para o radar do eleitor não captar. Aécio diz em privado que enxerga “lógica” na decisão de Serra de empurrar para março de 2010 o anúncio de sua candidatura.À frente nas pesquisas, beneficiário de um recall de campanhas anteriores, Serra não teria razões para entrar antecipadamente no ringue.Trocaria socos com Lula, não com Dilma. De resto, viraria um alvo instantâneo, descuidando-se dos afazeres do governo de São Paulo.Mas Aécio ilumina o que julga ser um problema: a protelação de Serra passa, a seu juízo, uma impressão de “insegurança”.Estimula na platéia a suspeita de que, na hora ‘H’, submetido a eventuais condições adversas -o crescimento de Dilma nas pesquisas, por exemplo-, Serra poderia recuar.Aécio chegou mesmo a relatar a um amigo, diálogo que, segundo disse, manteve com Serra. Perguntou ao então rival se ele seria candidato em qualquer circunstância.Segundo a versão de Aécio, a resposta de Serra foi negativa. Só iria à sucessão presidencial se as chances de vitória fossem “muito concretas”.Aécio farejou na movimentação de Serra um cheiro de queimado. Nas suas palavras: “Em março, ele diria: 'O cenário tá bom, vou eu. Tá ruim, vai você”.Decidiu retirar-se preventivamente da contenda por avaliar que, em março, já não conseguiria obter as alianças que se julgava em condições de costurar.Acertos que incluiriam, além de DEM e PPS, legendas que hoje gravitam em torno de Lula.Vice não dá tanto voto: teria que passar a campanha inteira explicando A despeito da pressão que sofre, Aécio continua dizendo que não lhe passa pela cabeça a hipótese de tornar-se vice na chapa de Serra.Afirma que, para o eleitor de Minas, “essa coisa de vice não tem tanta importância”. O Estado já teve dois vices: Itamar Franco e José Alencar, o atual.Acrescenta: “Eu passaria a campanha inteira tendo que explicar”. Diz que, não sendo o presidenciável, precisa se voltar integralmente para Minas. Deseja fazer de seu vice, Antonio anastasia, o novo governador. “Não adianta ser candidato a vice tendo que viajar o Brasil inteiro. Preciso me dedicar a Minas...""[...] Eu vou ter que fazer a campanha do Anastasia com mais dedicação do que fiz para mim mesmo”.O Senado garante mandato de 8 anos com visibilidade nacional. Aécio no Senado pode candidatar-se em 2014 até para perder, pois não ficará sem mandato até 2018 Aécio assegura, mesmo longe dos holofotes, que a eleição ao Senado o “safisfaz”. Segundo o seu raciocínio, o PSDB “vive um processo de mudança geracional”. Acha-se em condições de injetar “energia nova no Senado”. Elegendo-se, diz que terá tempo de sobra para alçar novos vôos. “Oito anos de mandato pela frente”, diz ele. Não declara, mas haverá uma outra sucessão presidencial de permeio, em 2014.


Enviar por e-mail: Por: Zé Augusto . Sexta-feira, Dezembro 18, 2009
De Sérgio Lima/Folha:


Enviar por e-mail: Por: Helena ™ . Sexta-feira, Dezembro 18, 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário