quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DISSECANDO ROMEU TUMA

Dissecando Romeu Tuma (ou o abismo geológico entre a teoria e a prática do "Xerife")
O "Xerife" Tuma: por razões quase óbvias, cimentado há 15 anos na cadeira de corregedor
Romeu Tuma (PTB-SP) está completando 15 anos de Senado. O "Xerife" é também o primeiro corregedor parlamentar da Casa, cargo para o qual já acumulou nove eleições consecutivas. O posto confere-lhe ainda a prerrogativa de membro nato do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado.

A propósito, foi a Resolução nº 17, de 1993, o instrumento que fez surgir a Corregedoria Parlamentar. Diz o inciso I do Art. 2º da norma em questão que compete ao corregedor promover a manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito do Senado Federal.

É também de 1993 a Resolução nº 20, que instituiu o Código de Ética e Decoro Parlamentar. Novamente no Art. 2º, definem-se os deveres fundamentais do senador, entre os quais estão promover a defesa dos interesses populares e nacionais e exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular.

Toda essa teoria, Tuma aprendeu bem. Vejamos algumas de suas frases em discurso proferido em 29 de setembro do ano passado, cinco dias antes de completar 78 anos:

"Acho que a ética e a dignidade se dão desde criança. Elas não se interrompem durante o tempo"

"Devemos e podemos ser éticos sempre. E deve haver respeito à população no que tange ao comportamento desta Casa"

"... vamos ter uma eleição daqui a um ano, no máximo. Então, ela poderá dar uma visão mais ampla, que sirva à população na hora de votar; e que nos agasalhemos sob seu manto, para podermos nos comportar dignamente dentro desta Casa, com uma representação que realmente o povo brasileiro merece".

E na prática? Como funciona Tuma?

Bem, há dois exemplos bem recentes e ilustrativos, ambos revelados pelo combativo e valente
CONGRESSO EM FOCO, encabeçado pelo amigo Sylvio Costa e sua intrépida equipe. Pois não é que, exatamente um mês antes de filosofar sobre a ética no discurso acima, o "Xerife" desfrutava do bom e do melhor num resort de luxo em Barretos, durante a tradicional festa do Peão de Boiadeiro... por conta do Senado?!

Não vou nem perguntar se você duvida, nobre leitor, porque sei que não é o caso, mas você pode sabe mais detalhes clicando
aqui.

E na semana passada, também no
CONGRESSO EM FOCO, soubemos que os dez maiores gastadores de combustível do Senado consumiram o suficiente para 115 voltas na Terra, odisseia megalômana arcada por cada um de nós. E não é que o Tuma aparece na lista? Tá lá, em 10º lugar, como você pode ver aqui.

De tudo, ficam duas reflexões:

1ª) numa Casa que produz escândalos em escala industrial como o Senado, não é surpresa alguma que o tal Xerife seja mantido por tantos e tantos anos como corregedor. Afinal, condutas como aquelas reveladas pelo CONGRESSO EM FOCO endossam uma avalanche de outros deslizes de seus pares;

2ª) nos tempos de policial, ao Xerife era atribuída uma frase que ficou famosa, da qual você certamente se lembrará. Vestido pelo poder, Tuma não demorou a adaptá-la à nova realidade, descobrindo que senador "bom" (na ótica e na ética predominante da Casa) é senador vivo. Muito vivo. Vivíssimo.

E, de preferência, que o eleitor não seja tão vivo assim.


Heitor Diniz
Jornalista

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