quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ENTREVISTAS COM DANIEL BENSAID

Daniel Bensaïd (1946-2010)

Por Daniel Oliveira

Morreu Daniel Bensaïd, um dos principais intelectuais trotsquistas, idólogo e fundador da LCR francesa e um interessante estudioso do marxismo, especialmente dedicado a Walter Benjamim.

Recomendo a leitura de “The Return of Strategy” (versão portuguesa aqui), sobre a estratégia dos trotsquistas e a sua política de alianças no cenário de contrareforma em que vivemos nas últimas décadas. Texto que, curiosamente, lhe valeu algumas acusações de revisionismo, por supostamente Bensaïd não só considerar aceitável que revolucionários participem em “governos burgueses” como negar uma antinomia entre “reformas” e “revolução”, preferindo falar numa “dialéctica”. E é neste artigo de 2007 que acaba por definir as condições para a participação em soluções de poder transitórias.

O debate entre “reformistas” e “revolucionários” é um clássico que tende a transportar para o presente circunstâncias passadas e a cristalizar a análise política. Está por isso cheio de armadilhas e nem Bensaïd se livra delas. Como acredito que “reformas fortes” podem ser portadoras de “transformações revolucionárias”, e não orbigatoriamente numa lógica de transição para a superação definitiva do capitalismo, isso põe-me no campo dos aliados circunstanciais de Bensaïd, mas seguramente noutro campeonato. Ainda assim, este debate continua a ser central para esquerda marxista. Daniel Bensaïd regressou a ele de forma interessante. E uma coisa temos de reconhecer: quando comparados com as correntes estalinistas que ainda sobrevivem, agarradas a abortos ideológicos como o regime chinês e sem um sinal de pensamento crítico, os trostquistas mantêm vivacidade no debate. Com a morte de Bensaïd a esquerda (a dele, a minha e as outras) ficou mais pobre.

Deixo aqui um vídeo de uma entrevista integrada no documentário “Os Irredutíveis”, sobre 1968.







Nenhum comentário:

Postar um comentário