terça-feira, 12 de janeiro de 2010

NOVO MUSEU NO CHILE HOMENAGEIA VÍTIMAS DE PINOCHET

SANTIAGO (Reuters) - O Chile inaugurou nesta segunda-feira o Museu da Memória em homenagem a vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-90), quando 3.195 pessoas foram assassinadas ou "desapareceram", segundo dados oficiais.

"Esperamos que este museu nos ajude como sociedade a entender o que nos aconteceu e que possamos nos comprometer com o respeito aos direitos humanos," disse María Luisa Sepúlveda, chefe da Comissão Presidencial dos Direitos Humanos. "É um processo que a sociedade chilena não considera encerrado".

O museu, no centro de Santiago, exibe objetos pessoais e fotos das vítimas, além de relatos de sobreviventes. Cerca de 28 mil pessoas foram torturadas durante a ditadura chilena, inclusive a atual presidente do país, Michelle Bachelet.

A abertura ocorre às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, no domingo, quando o milionário de direita Sebastián Piñera enfrenta como favorito o ex-presidente Eduardo Frei, ligado à coalizão de centro-esquerda Concertação, que governa o Chile desde o fim da ditadura.

Há mais de um ano, partidários de Pinochet inauguraram o seu próprio museu em homenagem ao ditador, que morreu em 2006 sem ser julgado pelos abusos aos direitos humanos ocorridos em seu regime.

Sepúlveda negou que haja uma competição entre os museus. "Podem existir múltiplos museus, que encontram todas essas realidades, mas desta realidade somos nós que estamos dando conta", afirmou ela.

Bachelet lançou no ano passado uma campanha para recolher amostras de sangue de parentes de desaparecidos, a fim de criar uma base de dados genética que ajude a identificar restos mortais ainda anônimos daquele período. Até agora, esse banco de dados tem mais de 3.000 amostras, segundo o IML chileno.

Em dezembro, um juiz abriu processo contra seis pessoas, inclusive médicos e membros da polícia secreta de Pinochet, pelo assassinato do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, pai do candidato Eduardo Frei.

Também em dezembro, o corpo do cantor e compositor Victor Jara, assassinado pelas forças de segurança nos primeiros dias do golpe, foram exumados para que sejam esclarecidas as circunstâncias da sua morte.


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