
A noite do debate que não houve
Nascido na ditadura, forjado em lutas pela liberdade, o Cebrap festejou seus 40 anos, anteontem,
com um não-debate sobre o País.
Muita gente foi ao Sesc Vila Mariana - onde foi lançado o livro-e-DVD Retrato de Grupo -
imaginando que veria um bom fogo amigo entre os dois velhos companheiros do centro, FHC e
Chico de Oliveira.
Sem chance. Os mais de 500 presentes tiveram de contentar-se com depoimentos isolados, que
ignoraram o presente e do futuro do Brasil. Os tucanos brindaram o auditório com o estilo zas-
trás.
FHC chegou pelos lados, em cima da hora, deu seu depoimento e sumiu. E Serra já
foi avisando que não poderia ficar.
Por sorte, os dois não-debatedores estavam em forma.
Foram fundo em episódios como a “visita” obrigatória que fizeram - encapuzados - à Oban, o
centro de tortura da ditadura.
“Dentro do capuz, pensei: que idiota sou. Podia estar dando aulas lá fora”, recordou FHC.
Chico deixou o rigor analítico em casa e fez todo mundo rir com tiradas do tipo “mais
conservador do que Tancredo nem a Nossa Senhora de Guadalupe”.
Curiosidades da noite: a questão da luta armada os aproximou e o pacificador Ulysses Guimarães
os desuniu. “Eu era mais covarde”, arriscou Chico sobre confrontar o regime.
“Não, você tinha mais antevisão”, ponderou o ex-presidente. E Ulysses, destratado por Chico -
“todos dormiam quando ele discursava” - foi resgatado por FHC: “Ele era homem de coragem.
Chamou os militares de patetas. Hoje se pode chamar qualquer um de pateta e tudo bem.”
(Gabriel Manzano Filho)
26.11.09A noite do debate que não houve por diretodafonte
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