domingo, 29 de novembro de 2009

PAULO FREIRE É JULGADO ANISTIADO POLÍTICO


A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça considerou hoje (26), por unanimidade, o


educador pernambucano Paulo Freire como anistiado político. Com isso, a viúva do educador


receberá uma indenização de 480 salários mínimos, desde que respeitado o teto de R$ 100 mil.


A audiência pública foi realizada como parte da Caravana da Anistia, durante o Fórum Mundial


de Educação Profissional e Tecnológica, promovido pelo Ministério da Educação.


"Estamos caracterizando o pedido de desculpas oficiais pelos erros cometidos pelo Estado contra


Paulo Freire", declarou o presidente da comissão Paulo Abrão Pires Júnior ao final da sessão.


Ele considera que há ainda muito a fazer, uma vez que há suspeitas de que arquivos,


principalmente dos serviços de inteligência das Forças Armadas, ainda não tenham sido


entregues ou tenham sido destruídos.Segundo ele, os documentos de inteligência encontrados


queimados na Base Aérea de Salvador são uma prova de que há ainda muitos arquivos não


abertos "apesar de que, tecnicamente, todos devessem estar [abertos] desde o Projeto


Memórias Reveladas, criado pela Casa Civil", disse Abrão. "Nesse aspecto, Chile, Paraguai,


Argentina e Uruguai estão muito melhores do que o Brasil", acrescentou."Ainda que esses


documentos apresentem uma visão deturpadora da realidade, eles são necessários para


fazermos justiça com as tantas vítimas da ditadura brasileira", disse o presidente da comissão,


durante coletiva de imprensa após a sessão pública que anistiou o educador.


Para a viúva, Ana Maria Araújo, a ditadura atingiu "violentamente e com malvadeza" o exilado,


destruindo sua natureza, seu corpo e sua cidadania.


"Paulo Freire, sua cidadania foi retomada como você queria, e proclamada como você merecia",


disse em tom emocionado a viúva.


Em meio ao discurso de Ana Maria, um grito vindo da plateia composta majoritariamente por


professores e pedagogos puxou aplausos:


"Paulo Freire não morreu nem nunca morrerá"."


A partir do resultado [a que chegou a comissão, de considerar Paulo Freire anistiado político],


encaminharemos nossa decisão ao ministro da Justiça, que expedirá, caso concorde com ela, uma


portaria no Diário Oficial, declarando ele como anistiado. No documento constará, também, seus


direitos", afirmou Abrão."E, com a portaria, o Ministério do Planejamento fica obrigado a colocar


a previsão do pagamento aos familiares.


Acredito que a portaria será publicada ainda neste ano", completou.


Segundo a viúva de Freire, há cerca de 340 escolas no Brasil, na maioria municipais, com o nome


do marido.


"Pretendo continuar fazendo o que ele me pediu em testamento: publicar aquilo que é inédito e


cuidar dos livros já publicados."


Pedro Peduzzi

Da Agência Brasil

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