sábado, 28 de novembro de 2009

HELVÉCIO RATTON







HELVECIO RATTON
Nasc: 1949
Nome de Nascimento:
Helvécio Luís de Amorim Ratton
Cidade:
Divinópolis, Minas Gerais
Helvecio Ratton é formado em psicologia.
Estreou na direção filmando no hospício de Barbacena o documentário "Em Nome da Razão".
Dirigiu "A Dança dos Bonecos" e "Menno Maluquinho", filmes que marcaram o cinema brasileiro
por tratarem o público infantil com sensibilidade e inteligência. Na comédia de costumes, "Amor
& CIA" trouxe para o cinema a crítica social e o humor fino do escritor português Eça de Queiroz.
Em "Uma Onda no Ar", Ratton se inspirou na história verdadeira de uma rádio pirata.
Filmografia

Iluminados (2007) (Longa-metragem)Diretor
Pequenas Histórias (2007) (Longa-metragem)
Batismo de Sangue (2006) (Longa-metragem)
O Casamento de Iara (2004) (Curta-metragem,Feito para TV)
Uma Onda no Ar (2002) (Longa-metragem)
Amor & Cia (1998) (Longa-metragem)
Menino Maluquinho - O Filme (1994) (Longa-metragem)
A Dança dos Bonecos (1986) (Longa-metragem)
Em Nome da Razão (1979) (Curta-metragem)Produtor
Batismo de Sangue (2006) (Longa-metragem), produtor
Noites do Sertão (1984) (Longa-metragem), produtor
Idolatrada (1983) (Longa-metragem), produtor executivoRoteirista
Pequenas Histórias (2007) (Longa-metragem)
Batismo de Sangue (2006) (Longa-metragem)
O Casamento de Iara (2004) (Curta-metragem,Feito para TV)
Uma Onda no Ar (2002) (Longa-metragem)
A Dança dos Bonecos (1986) (Longa-metragem)
Televisão Diretor
O Casamento de Iara (2004) (Curta-metragem,Feito para TV)Roteirista
O Casamento de Iara (2004) (Curta-metragem,Feito para TV)
Prêmios / Indicações
Festival de Gramado - 1987
Categoria: Filme
Categoria: Prêmio do Júri Popular
Categoria: Prêmio Especial do Júri
Categoria: Filme
Indicado, Uma Onda no Ar (2002)
Categoria: Prêmio Especial do Júri
Vencedor, Uma Onda no Ar (2002)
Crítica do filme Batismo de Sangue: coragem de mostrar a tortura

Filme Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, baseado no livro homônimo de frei Betto, mostra
confissões dos frades dominicanos obtidas sob torturas nas mãos do delegado Fleury
Delação é uma palavra infamante em qualquer contexto. Traidor, covarde, Judas são termos que
acompanham pela vida inteira qualquer militante político que tenha colaborado com a repressão
e delatado seus companheiros.
Com muita coragem, o diretor Helvécio Ratton, no filme Batismo de Sangue, põe o dedo na
ferida e mostra as torturas que sofreram os frades dominicanos, que davam retaguarda à Aliança
Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighela. (Os frades dominicanos, envolvidos na luta
armada, foram expressão da mudança de rumos da Igreja Católica na América Latina, na década
de 60, cujos padres e bispos, em número crescente, contestavam a cumplicidade da alta
hierarquia com as oligarquias e se posicionavam ao lado dos explorados.)
Com cenas hiper-realistas de sessões de tortura, comandadas pelo delegado Fleury, nos porões
da ditadura militar, as confissões dos frades vão aparecendo como conseqüências de sofrimentos
insuportáveis para um ser humano que o levam ao pleno aniquilamento físico e psíquico.
Invertendo a dinâmica do livro (graças a um roteiro muito bem elaborado) o protagonismo do
filme passa do frei Betto para o frei Tito (otimamente interpretado pelo ator Caio Blat), que
sofreu de maneira mais cruel as conseqüências das torturas, levando-o, inclusive, à loucura e,
finalmente, ao suicídio num seminário na França. Com personagens de carne e osso, muito longe
das figuras estereotipadas encontradas em muitos filmes brasileiros que relatam as lutas dos
revolucionários nas décadas de 60 e 70 (como, por exemplo, o filme O Maior Amor do Mundo, de
Cacá Diegues), com a demonstração do profundo sentimento cristão que movia os frades
dominicanos para a luta revolucionária e para a solidariedade com os companheiros de prisão,
esse filme pode se tornar um marco do cinema político no Brasil.
O personagem representando Carlos Marighela, se não é tão bem trabalhado como os dos frades
dominicanos, de qualquer forma, não compromete o filme. Ele aparece como um militante firme
que desperta a confiança dos jovens frades. Marighela, no filme, é um homem solitário, um
guerrilheiro perdido nas brumas da noite, um Che Guevara sem glamour. Para entender o filme
é preciso reportar-se ao longo período das ditaduras militares implantadas na América Latina,
principalmente nas décadas de 60 e 70, quando proliferaram as lutas guerrilheiras, com maior ou
menor apoio da população, dependendo do país, inspiradas tanto nas revoluções cubana e
chinesa, quanto no exemplo do Vietnã, e cujos participantes foram banhados em sangue.
Em alguns países, como a Argentina e a Guatemala, houve uma verdadeira guerra de
extermínio, com dezenas de milhares de mortos ou desaparecidos. Enquanto isso as empresas
multinacionais tiveram lucros estratosféricos. Não foi à toa que os EUA foram determinantes na
implantação das ditaduras e, posteriormente, no treinamento de militares para a ação
repressiva.
Há ainda, no filme, referências a outros fatos políticos que envolveram a esquerda, na época, c
omo o frustrado e mal organizado Congresso da UNE, em 1968, em Ibiúna (SP), e a conseqüente
prisão de centenas de estudantes, pouco antes da edição do AI-5, que instalou o regime de terror
de Estado no Brasil.
O filme também reporta-se aos seqüestros do embaixador americano, no Rio de Janeiro, e do
cônsul da Suíca, em São Paulo, por grupos guerrilheiros, que exigiram e conseguiram a libertação
de presos políticos em troca da soltura dos diplomatas.
Sobre o seqüestro do embaixador americano, é importante assistir ao documentário de Silvio Da-
Rin, Hércules 56, com depoimentos de antigos militantes que participaram das ações e dos
presos políticos que foram libertados em troca do embaixador e se asilaram em Cuba.
Seguindo a trilha do excelente filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende, Ratton não poupa setores da
Igreja Católica que, como Pilatos, lavaram as mãos diante do sofrimentos dos militantes políticos
torturados, nem faz qualquer concessão aos militares e civis que participaram da repressão,
financiada por grandes grupos empresariais nacionais e estrangeiros, nem apresenta supostas
crises de consciência dos torturadores (crise explicitada, por exemplo, no filme O que É isso,
Companheiro?, de Bruno Barreto, baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira); pelo
contrário, eles são mostrados como fiéis cumpridores de suas funções certos de sua impunidade.
Nesses tempos sombrios em que vivemos, as alucinações de frei Tito, no seu exílio na França,
tendo visões macabras do delegado Fleury perseguindo-o em todos o lugares, não parecem tão
irreais, pois pequenos, mas não menos tenebrosos, fleurys continuam torturando suspeitos nas
delegacias de polícia do país, acobertados pelas oligarquias políticas e econômicas que nos
governam (e que são as mesmas que deram sustentação à ditadura militar). Enfim, todos nós
experimentamos, com maior ou menor grau de lucidez, o horror que é viver nesta fase de
putrefação do capitalismo.
Por Fausto Barreira 09/04/2007 às 11:14

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