Estudo internacional, publicado em 2003 pela revista britânica The Lancet, estima que de 100 mil pessoas que irão viajar para países em desenvolvimento, metade terá pelo menos um problema de saúde
O I Simpósio da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, que aconteceu no Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), sexta-feira (5) em São Paulo, marcou o lançamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem que vai permitir aos profissionais da área debater idéias, trocar experiências e obter informações para melhorar o atendimento do brasileiro que viaja.
A Organização Mundial do Turismo revela que, entre 2000 e 2007, o número de viajantes saltou de 682 milhões para 898 milhões, o que sinaliza a multiplicação de pessoas suscetíveis a problemas de saúde típicos de viajantes e a rápida disseminação de doenças transmissíveis, muitas evitadas por vacinas.
As viagens aéreas cresceram mais de 30%, entre 2000 e 2007, como revelam os dados da Organização Mundial do Turismo. No ano passado, as companhias aéreas transportaram 898 milhões de passageiros, contra os 682 milhões contabilizados em 2000. Neste período houve um aumento significativo dos "roteiros exóticos", como para os países do Oriente Médio (mais de 90%), África, Ásia e ilhas do Pacífico (50%). Os principais motivos das viagens foram: turismo, férias e lazer (50%), visitas a parentes, amigos, peregrinações, tratamentos de saúde (26%) e trabalho (16%).
A globalização e a facilidade de transporte são apontadas como os principais fatores que contribuíram para este crescimento.
A curva ascendente do fluxo de pessoas ao redor do mundo sinaliza o aumento do contingente de pessoas suscetíveis a ter problemas típicos de viajantes e a possibilidade de as doenças transmissíveis se espalharem com maior rapidez.
Nas férias de final de ano, esses riscos tendem a se tornar maiores por conta da grande circulação de pessoas - seja em viagens aéreas, terrestres e cruzeiros marítimos (cuja temporada começou no início do mês).
Presidida pelo infectologista Marcos Boulos, diretor da FMUSP, onde atua como professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias, a Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem vai auxiliar o governo federal a criar medidas de proteção ao viajante e pretende lançar um website para informar o público leigo como viajar com saúde.
Doenças de viajantes
Entre as doenças mais comuns em viajantes estão aquelas transmitidas por águas e alimentos contaminados (como hepatite A, febre tifóide e cólera) e as transmitidas por picadas de insetos (como dengue, malária e febre amarela).
Estudo internacional, publicado em 2003 pela revista britânica The Lancet, estima que de 100 mil pessoas que irão viajar para países em desenvolvimento, metade terá pelo menos um problema de saúde. Do total original, oito mil consultarão um médico no retorno, cinco mil ficarão acamados, 1.100 incapacitados temporariamente para trabalhar durante ou após o retorno, 300 serão hospitalizados, 50 terão de ser resgatados via aérea e um morrerá.
As principais causas de mortes de viajantes são problemas cardiovasculares (49%) e lesões (25%), a maior parte, provocadas por acidentes com veículos e afogamentos.
De acordo com o roteiro e a característica da viagem, a pessoa ainda está sujeita a outras doenças. Erradicada na maior parte do mundo, a poliomielite ganhou força em 2008 na África e na Ásia.
Além dos quatro países considerados endêmicos (Afeganistão, Índia, Paquistão e Nigéria), a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou surtos em outros dez países, entre eles a Angola e a Etiópia, diz o jornal. Nos países endêmicos, o número de casos registrados até agora é duas vezes maior que os contabilizados no mesmo período em 2007.
Diante deste crescimento, os especialistas recomendam o reforço da vacina contra poliomielite.
"O ideal é que a pessoa, antes de viajar, consulte um médico especializado em Medicina do Viajante que vai avaliar seu estado de saúde, recomendar vacinas e sugerir condutas preventivas de acordo com as características da viagem a ser feita", afirma o infectologista Jessé Alves, membro da direção da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, do Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Serviço de Consulta e Vacinação do Viajante do Laboratório Fleury.
Matéria publicada em 08/12/2008
Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem
http://www.sbmviagem.org.br/
terça-feira, 17 de novembro de 2009
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