segunda-feira, 16 de novembro de 2009

LIVRO SOBRE AP - AÇÃO POPULAR II

Meu caro Betinho:

É um grande prazer receber notícias suas. Eurico é quem me informa das suas andanças e do que anda fazendo.
Recebi sua mensagem sobre o Memorial da Anistia que está sendo construído ai em BH.
Sobre o livro da Ação Popular tive um trabalho imenso desde 2001, em sete anos de pesquisa, e desde ano passado escrevendo o texto final. Terminei fazendo quase 250 entrevistas e recolhi grande documentação em dezenas de arquivos que pesquisei, incluindo os documentos da repressão sobre AP, tenho os exemplares de todos jornais da AP -- Brasil Urgente, Revolução e Libertação, além dos jornais regionais, estudantis e jornais de fábrica que o pessoal da AP fazia. Tenho cópia das principais partes dos 54 processos (IPM) que a ditadura instaurou contra simpatizantes, militantes e dirigentes da AP, incluindo depoimentos na polícia e nas auditorias, além de processos contra o PRT (racha da AP) e alguns do PCdoB, num total de 72 processos. Recolhi os principais documentos da AP em todas suas fases.
Se por acaso você tiver cópia de documentos importantes encontrados no arquivo aberto em BH envia para mim.
Terminei agora o texto final do primeiro volume, que aborda o período de 1940 até o golpe militar, em abril de 1964.
O segundo volume abrange o período depois do golpe, maio de 1964 e até 1985, quando a última AP, reorganizada por Jair Ferreira de Sá, acaba e ele morre. E terá mais uns oito a dez capítulos contando o que aconteceu com os personagens da AP e no Brasil de lá para cá.
O texto final do segundo volume do livro só ficará pronto entre abril ou no máximo maio de 2010, com previsão de fazer o lançamento em setembro de 2010. Para isso vou procurar agora algumas editoras interessadas, mas pretendo que o livro seja lançado por uma grande editora, tipo Cia das Letras ou Record. É que o nosso livro se equipara a importância que teve os livro do Elio Gaspari, feito com base nos arquivos de Golbery e de Geisel.
No caso do nosso livro ele se baseia principalmente na história documental da AP e também na história oral, que são as entrevistas que fiz e pela primeira vez será contada a história de uma organização de esquerda e de seus militantes com tanto detalhe. O primeiro volume do livro tem quase mil personagens e o segundo volume terá um outro tanto, inclusive você e a sua história.
Para sua informação, desde 2007 estou fazendo também, com Vicente Filgueiras, meu filho e que é profissional da área, um documentário baseado no livro que estou escrevendo. Já fiz várias filmagens com pessoas que escolhi, com base em critério da importância na história da AP, para aparecer no documentário. No máximo vão aparecer de 10 a 15 pessoas no documentário, que terá duas horas de duração e não pode ter apenas pessoas dando depoimento, mas também filmes da época com flash das manifestações estudantis, operárias e populares contra a ditadura. Tipo 1 de maio de 1968 na Praça da Sé, no qual a participação de militantes da AP foi decisivo, a greve de Contagem, etc.
Como você falou que haverá inauguração da primeira etapa do Memorial da Anistia em dezembro, me ocorreu a possibilidade de filmar o evento em BH e pegar um depoimento seu, breve, apenas dizendo que foi militante da AP e principalmente falando da luta da anistia, do livro Rua Viva e do Memorial que está sendo inaugurado. Isto porque, enquanto no livro eu conto em detalhes a sua militância na AP e sua história pessoal, antes e depois e até hoje, e de centenas e centenas de outros personagens, no documentário não dá para fazer igual e tive de escolher apenas algumas poucas pessoas, com base num Roteiro que fizemos para o filme.
Pela importância que teve o seu trabalho político antes e depois da AP, particularmente na luta pela anistia, livro Rua Viva e até hoje, você é um grande personagem do livro, mas também poderá ser do filme se eu tiver condições de ir com a pequena equipe de três pessoas e os equipamentos até BH. O problema é que não tenho condições financeiras para bancar essa viagem.
Afinal, só estou conseguindo terminar de escrever o livro porque Eurico conseguiu algumas pessoas para colaborar financeiramente e atualmente entra todo mês menos de R$ 1.000,00, que é muito pouco. Por isso estamos tentando conseguir outras colaborações financeiras.
Um abraço,
Otto Filgueiras

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