Existe um video que mostra jornalistas de diversos veículos interrogando o público que
compareceu à pré-estréia do filme sobre a vida de Lula.
Repórteres se amontoaram sobre os presentes ao evento para discutir se a história de Lula pode
render dividendos eleitorais ao próprio e à sua candidata à própria sucessão, a ministra Dilma
Rousseff.
A impressão que se tem de matéria tão "peculiar", na qual o diretor do filme tem que explicar
por que escolheu o tema, é a de que voltamos ao tempo da ditadura, quando a classe artística
tinha que "explicar" conteúdo político em obras culturais. Só que, desta vez, não são os militares
que pedem explicações, mas supostos "jornalistas".
Fauna da ‘Serrolândia’
No Sudeste sul-americano há um pretenso “país” de fantasia que, na verdade, não passa de uma
província brasileira, ainda que seja a mais abastada.
A população autóctone, porém, dócil ao desígnios da aristocracia dirigente, vive com a sanidade
mental ameaçada por uma “fauna” midiática na qual daremos uma espiada.
Para que se possa entender o que se passa nessa terra em transe, há uma piada local dos
paulistas que diz que em São Paulo traficantes usam a droga que vendem, prostitutas
chegam ao orgasmo com seus clientes e pobres votam nos candidatos dos ricos.
Por isso, porque gostei tanto de escrever um primeiro texto sobre a fauna da “Serrolândia” é que
decidi catalogar algumas das barbaridades que esses espécimes da cadeia alimentar paulista
praticam contra a lógica e contra a paciência das pessoas.
Vamos, assim, a outro exemplar dessa intrigante fauna serrolandense o qual também é
blogueiro, só que não da Veja, mas de outro veículo oligopolista da comunicação de massas, do
maior deles, da Globo.
Hoje, por exemplo, Ricardo Noblat escreve seu putilionézimo post atacando o filme sobre a vida
de Lula.
Ele quer desmoralizar a obra, mas não sabe como. Então vai dizer alguma coisa e não diz,
achando que deixa insinuações no ar.
Basta tentar formular tais insinuações, porém, e elas perdem o sentido. Quem quiser, repita para
si mesmo a premissa sobre cada insinuação e veja se tal premissa faz sentido. Farei minha parte
a seguir, mas quero sugerir que cada um tente sozinho.
Abaixo, pois, uma tentativa do blogueiro da Globo de atacar a biografia do presidente Lula, só
que da forma mais difícil, ou seja, sem argumentos, apelando para a subjetividade contra um dos
mais importantes líderes políticos do mundo.
E, claro, continuo comentando depois do drama retórico que vocês lerão a seguir.
Lula, o filho perfeito do Brasil
Por Ricardo Noblat
Um Lula sem nenhum defeito é o que emerge do filho "Lula, O Filho do Brasil", a mais cara
produção do cinema nacional, que abriu ontem à noite o Festival de Cinema de Brasília.
O Lula da tela tirou nove em português quando era menino, morador de uma área miserável da
periferia de São Paulo. Ainda menino, evitou que o pai batesse na mãe ao adverti-lo: "Homem
não bate em mulher".
Líder sindical, quase não agrediu o português ao discursar para a peãozada do ABC paulista. Foi
um fumante compulsivo, mas em compensação bebeu pouco.
Testemunhou à distância a chacina de um pequeno empresário praticada por companheiros dele
do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Ficou chocado com ela e reclamou.
Foi um namorador moderado. Uma vez viúvo, cortejou e se casou com dona Marisa.
Como líder político não foi de direita nem de esquerda. Preocupou-se apenas em melhorar a vida
dos seus companheiros.
O filme acaba quando ele sai da prisão para ir ao enterro da mãe. Dali, salta para a festa da posse
de Lula na presidência da República.
O PT se perdeu no meio do salto. Nem foi referido antes porque não existia nem depois porque
não era o caso.
Quem sabe não fará uma ponta no filme "Lula, o Filho do Brasil - Parte 2"?
A história é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes interpretações.
Só cabe uma:
Lula enfrentou e venceu, orientado pela mãe, todos os desafios que a vida oferece a um brasileiro
nascido na miséria. Admirável, pois, sua saga.
Em resumo: o filme foi feito sob medida para reforçar o mito Lula. Atinge seu objetivo com
louvor.
É razoável imaginar que com isso ajudará de alguma forma a candidatura de Dima Rousseff à
presidência da República. Ajudaria qualquer candidatura apoiada por Lula.
Darei um exemplo do que propus que fizessem – formular claramente as insinuações do texto
que acabam de ler.
Diz Noblat:
“A história [da vida de Lula] é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes
interpretações”. Ora, mas que margem de interpretação o homem quer sobre uma história de
um garoto pobre que acaba se tornando um dos maiores líderes políticos do mundo? Isso não
aconteceu? Há dúvidas?
Críticas que não passam de insinuações ou que não resistem à contestação do criticado é tudo que
essa gente tem contra Lula depois de sete anos de seu governo.
Essa fauna parajornalística não sobreviverá dez minutos fora da “Serrolândia”, no ano que vem.
Podem escrever aí.
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