quinta-feira, 26 de novembro de 2009

EXAME DE DNA CONFIRMA QUE OSSADA EXUMADA É DO ESPANHOL MIGUEL NUET


DNA confirma que ossada em Perus é do espanhol Miguel Nuet



Exame de DNA confirma que ossada exumada em Perus (SP) é do espanhol Miguel Nuet

MPF/SP deverá ter inquérito para apurar a morte de Nuet, único caso

conhecido de cidadão espanhol morto sob a custódia do regime militar brasileiro.

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) recebeu ontem, 27 de agosto, a

confirmação oficial de que o exame de DNA dos restos mortais exumados, em 1º de abril de

2008, no cemitério de Perus, é do espanhol Miguel Sabat Nuet, que foi preso por uma equipe do

Departamento de Operações Internas (DOI) em 9 de outubro de 1973 e apareceu morto um mês

depois em sua cela. Segundo a polícia informou na época, Nuet teria se suicidado.

A procuradora da República Eugênia Fávero, que integra a área cível do MPF em São Paulo e é a

responsável pelo inquérito civil público que busca a identificação das vítimas da ditadura

enterradas em Perus, representará aos procuradores da área criminal solicitando a abertura de

investigação para apurar as circunstâncias da morte de Nuet e, se possível, identificar os autores

do crime.

Para Eugênia Fávero e o procurador regional da República Marlon Alberto Weichert, a

investigação e a punição de crimes da ditadura é possível sem a necessidade de se alterar a Lei

da Anistia, pois os crimes cometidos no período são crimes contra a humanidade.

Em relação a identificação de outras vítimas, o MPF fará uma nova tentativa de exumação de

restos mortais que podem ser de Hiroaki Torigoe, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN),

do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e da Vanguarda Popular Revolucionária

(VPR). Ele foi preso e morto no Doi-Codi em janeiro de 1972. Relatório da Marinha informa que

ele foi “morto em tiroteio com agentes de segurança”. A nova exumação será feita em outra

quadra do cemitério.

Quem era Nuet -

O espanhol Miguel Nuet, que morreu aos 50 anos, era um vendedor de veículos que morava na

Venezuela.

Nuet não tinha nenhuma ligação conhecida com organizações de esquerda.

Ele foi preso em 1973 por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e na sua

ficha constava um “T” vermelho, que significa “terrorista”, mas nunca foi provado seu

envolvimento com nenhuma organização da luta armada.

Um documento encontrado nos arquivos públicos do estado de São Paulo por Suzana Lisboa,

integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, mostra Nuet como preso do DOPS.


Datado de 27 de novembro de 1973, o documento indica que o espanhol seria expulso quatro dias

antes do seu enterro, o que vai na direção contrária da tese de “suicídio”.

Os restos mortais de Nuet estavam no terreno 485, quadra 7, do cemitério Dom Bosco, em

Perus, zona norte de São Paulo, num setor que ficou conhecido como a vala de Perus.

Com essas informações a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, emitiu


ofício ao Instituto Médico Legal (IML) e à Diretoria de Cemitérios do Município de São Paulo

pedindo a exumação e a posterior identificação dos restos mortais.

O exame -

Após a exumação, os restos mortais ficaram sob a custódia do IML. Em julho, um fêmur e dentes

foram extraídos da ossada para exame pelo laboratório Genomic Engenharia Molecular, de São

Paulo. E o exame comprovou que a ossada encontrada no cemitério clandestino de Perus,

em São Paulo, é mesmo de Nuet.

A amostra forense foi extraída do fêmur e a identificação positiva aconteceu a partir da


comparação do DNA do osso com o resultado dos exames de DNA do sangue de um irmão, de

uma filha e de um filho de Nuet, coletados em Barcelona e Caracas, respectivamente, para o

Banco de DNA da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR).

Criado em 2006 pela SEDH, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), o Banco de DNA atende à reivindicação dos familiares de mortos e

desaparecidos políticos, para garantir o direito à verdade e à memória das vítimas da repressão

durante a ditadura militar no país (1964-1985).

O Genomic, laboratório contratado pela SEDH, coletou amostras de sangue de familiares com

parentesco próximo e consangüíneo de mortos ou desaparecidos políticos para posterior

comparação com restos mortais encontrados.

Assessoria de Comunicação

Procuradoria da República em São Paulo

11-3269-5068

ascom@prsp.mpf.gov.br

Com informações da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República

28/8/2008 15h34

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